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Neptuno (parte 3)

Neptuno (parte 1)
Neptuno (parte 2)

Independente dos ideais que temos, temos que os ter. O contrário do ideal é a desilusão, a apatia, a confusão. Planeta da desistência, a energia de Neptuno está associada ao sonho, ao ideal, ao refinamento, à busca de si.

Ao nível das artes, enquanto que Vénus é a forma, a roupa, a tela pintada, Neptuno é a música, a pintura para a qual olhamos e somos remetidos para uma emoção, para uma dimensão maior.

Ao nível do amor, Vénus é a troca. A área de vida onde temos Neptuno, é aquela em que nos temos que dar incondicionalmente, a algo que não se pode definir.

Neptuno é o planeta associado à ideia de sacrifício do “sacro-ofício” do trabalho sagrado, uma ascensão do refinamento em que transformamos matéria noutra mais subtil. Identificamo-nos com algo não definível, mas sentimos uma emoção comum que nos amplia.

Neptuno vem a seguir a Úrano, existindo portanto uma hierarquia entre os planetas. Sem o processo de individualização, simbolizado por Úrano, ficamos sujeitos a perdermo-nos no oceano da multiplicidade do mundo dos sentidos, repleto de imagens e ilusões. Só podemos chegar a Úrano, ser livres e independentes, depois de assumirmos as nossas responsabilidades sociais.

Só nos podemos entregar depois de sabermos quem somos e aí seremos seres individualizados, para nos podermos dar aos outros.

Neptuno é o planeta da dissolução, um solvente universal onde tudo se dilui em algo maior ao nível da anatomia e da fisiologia do corpo; é a Aura no seu todo, é o corpo etérico, o sistema linfático, como se fosse a parte mais espiritual do corpo.

Pela negativa, dissociado, mal aspectado e mal vivido, é o planeta do vício, da ilusão, dos venenos. O mesmo Neptuno que nos transporta para dimensões transcendentais também nos pode matar com todo o tipo de drogas, álcool, ou quaisquer fenómenos escapistas, de relação social, ou de trocas emocionais. Neptuno sem Saturno quer atingir a beatitude, a plenitude, a felicidade, sem o esforço e o trabalho para tal.

Os métodos de desintoxicação em que se obtêm resultados positivos, têm sempre 2 facetas: uma espiritual com a introdução de uma noção do Divino, de transcendência e espiritualidade e outra de trabalho físico e concreto. Todas as que não têm a parte Divina ou parte do trabalho físico concreto, têm maiores níveis de insucesso.

Neptuno remete-nos ao mais transcendente, ao mais definível que há em nós.

Está também ligado aos processos de mediunidade de sensibilidade e à confusão e receptividade ligada ao céu e, aplicada na terra. A casa onde temos Neptuno é a área de vida onde a vida mais sacrifícios nos pede. Vai pedir-nos que nos demos incondicionalmente, onde devemos dar mais do que recebemos e como tal o recebimento vem dessa própria dádiva, porque ela implica a fusão com algo maior.

Esta área é aquela que, numa primeira fase de vida nós não queremos dar nada, onde nos projectamos e portanto a vida vai-nos confrontar com mais desilusão.

Uma projecção é sempre uma carga emocional que direccionamos sobre alguém, sobre algo e, como não há a capacidade de obtermos resposta para suportar a nossa projecção, iremos desiludirmo-nos.

Projectamos algo fora de nós (sobre os outros) com sentimentos que no fundo são nossos, mas que não vemos. Pela positiva, vemos no outro qualidades que temos em nós mas que ainda não as consciencializámos e pela negativa vemos um defeito noutra pessoa, (defeito esse que é o nosso mas que não reconhecemos) que, como um espelho, essa pessoa nos irá mostrar. A projecção é portanto um sentimento, uma ideia que projectamos sobre alguém que está em nós, mas ainda não está consciencializado.

Era um dia de Saturno e de S. João da Mata e S. Jerónimo Emiliano

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