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Conclusão dos apontamentos sobre Saturno

Saturn devouring his son by Rubens
Psicologicamente, também podemos associar Saturno a outros princípios importantes. A criança vive tanto depois do nascimento quanto no início da identificação amorosa com o progenitor, uma
situação a que chamamos SIMBIOSE. Neste processo, todas as necessidades da criança são percebidas e satisfeitas pela mãe e a criança não tem noção do outro, do fora dela própria, acreditando que tudo é uma extensão de si própria.
Podemos perceber isso, quando a criança, nos seus primeiros anos de vida, quer esconder-se e fecha os próprios olhos com um pano. A crença é que se ela, a criança, não pode ver, então ninguém poderá também. Não há noção de um outro-que-não-sou-eu separado da criança. Da mesma forma que se a criança desta idade quer brincar, ela não compreende e não aceita que alguém não queira. O outro tem que querer pois ela não compreende um outro separado dela, com vontade autónoma.


A criança desta idade também não entende nenhum jogo com regras. As regras são saturninas e só podem ser compreendidas e cumpridas quando a criança já saiu da fase SIMBIÓTICA representada astrologicamente pela Lua. A criança vai incorporando o NÃO, a frustração causada pela indisponibilidade dos outros, a castração de seus desejos que nem sempre podem ser realizados, o medo da punição pelo não cumprimento das regras, e a noção de outro começa a surgir, assim como a satisfação da recompensa ao se cumprir a regra, ao respeitar o limite do outro e ao ter o seu limite respeitado, e assim vai surgindo a noção real do si mesmo, com contorno, limites bem definidos, quem eu sou, o que eu gosto, o que não gosto, o que quero e não quero, etc.

Podemos concluir então que a frustração e a perda (Saturno) da simbiose (Lua) leva ao conhecimento de si mesmo e a individuação (Sol).

Esta noção de unidade individual, permitida pela experiência de Saturno, poderá representar por outro lado um sentimento de separação (quebra da simbiose lunar) ou abandono, assim como as noções de rejeição, inferioridade, solidão e aridez social, inacessibilidade.

Pode-se também dizer que através da frustração das necessidades infantis projectam-se as leis e as regras que permitirão ao indivíduo reconhecer o outro, e viver em sociedade. Desta projecção de nãos, reconhece-se também os direitos e deveres individuais e sociais. Toda a estrutura social está assente sobre o princípio Saturnino.

Sendo o segundo planeta social, Saturno representa o impulso de participação social, através da projecção não só da responsabilidade pessoal, mas da responsabilidade também pelos outros, por aqueles que não se podem responsabilizar por si próprios. Daí nasce o conceito de estrutura política.

Saturno representa o desejo de crescer em sociedade, concentração de energia num objectivo definido, baseada no principio da realidade, isto é de retardar a satisfação imediata, o que atribuirá a Saturno o significado de força de vontade dirigida, esforço, perseverança, ambição social, e experiência prática.

Saturno na mitologia greco-romana foi o segundo a “reinar no universo”. Como castrou seu pai e o destronou, foi destronado por um filho. E assim foi inaugurado o karma, pois “aqui se planta, aqui se colhe”.
Saturn devouring his son by Goya

Com o intuito de controlar essa sina, ele engolia os seus filhos. Os nossos filhos são as nossas obras, criações, pedaços de vida que saem de nós. Por isso a ideia de que a área onde está o planeta saturno no nosso mapa é onde há um velho tirano promovendo restrições e dificuldades, porque ali engolimos os nossos filhos, castramo-nos e cobramo-nos uma perfeição. E nunca estamos prontos.

Depois que Saturno foi destronado por Júpiter, ele perdeu sua imortalidade e vagou pelo mundo ensinando seu conhecimento. Foi a idade do outro, quando todos os homens eram reconhecidos nas suas individualidades e por seus próprios valores. É por isso que também onde temos saturno há um velho sábio, capaz de construir naquela área grande prosperidade. É o máximo da realização na matéria, é a teoria na prática, a evolução espiritual, a conquista da dignidade humana.

A escolha é nossa. E... isso é o “karma”!

Saturno era chamado "O Grande Maléfico" na astrologia tradicional. Este nome revela a escuridão a que este planeta tem vindo a ser associado. Dúvidas, medos, bloqueios, quedas e falhas estão entre os seus atributos.

Podemos dizer que Saturno é o planeta que diz "Não" mas que significa "Sim". Diz não devido aos seus trânsitos e posições natais, onde encontramos limites. O fluxo simples de energia está inibido e as funções restritas. Por exemplo, Saturno na segunda casa pode indicar dificuldades com dinheiro ou com questões de auto-valor. No entanto, com comprometimento, focalização e paciência (tudo palavras de Saturno) uma pessoa com Saturno na segunda casa pode também construir uma estrutura financeira sólida.

Saturno em Carneiro pode indicar resistência a tomadas de decisões independentes. O caminho, no entanto, é desenvolver métodos que lhe assegurem a habilidade para ser pioneiro. Falando simples, Saturno mostra onde é preciso trabalhar.

Saturno em quadratura a Vénus num mapa natal frequentemente mostra dificuldades nos relacionamentos. Isto porque o amor e a aprovação (Vénus) foram restringidos durante a infância. Isto pode dever-se a uma falta de reconhecimento, a um desconforto com a expressão emocional dos pais ou a uma aprovação muito condicionada. Frequentemente Saturno implica que condições ou regras governam uma determinada actividade. Isto pode ser desafiado quando um aspecto difícil (conjunção, quadratura, oposição, quincôncio, semi ou sesquiquadratura) está envolvido. Mas uma quadratura de Saturno a Vénus não significa uma vida sem amor. Significa que o amor tem que ser ganho com responsabilidade e uma atenção cuidadosa para com o processo da relação. O não torna-se um sim quando desenvolvemos regras que funcionam para nós.

Saturno, também conhecido como Cronos, tem a ver com o tempo. O tempo fornece uma noção de limite, mas essas limitações são necessárias à vida. Sem as fronteiras do tempo, espaço e identidade não poderíamos existir como individualidades. Saturno trata do processo de separação que torna a vida possível. Providencia a forma necessária para que qualquer coisa se manifeste, mas também se separe da sua origem. Saturno é, então, a Queda, a separação da matéria do espírito. A culpa pode ser resultado desta "queda". Isto é acerca de ter nascido como pecador, aquele que foi separado de Deus ou do Espírito. O jogo da vida, no entanto, infundir a matéria no Espírito, substituir a culpa por acções responsáveis.

O desafio de Saturno no mapa natal tem muito a ver com o aprender a usar o tempo da melhor maneira. Não é "nunca", mas "no momento certo". As situações impostas por Saturno servem para nos lembrar como aprender as regras ou como criarmos uma estrutura mais apropriada de regras. A chave para isso é a atenção. Se conseguir ver os padrões pode mudá-los, ou mudar-se a si para transformar a dor em produtividade. Os trânsitos de Saturno são períodos de cristalização. São períodos em que os padrões são formados e fixados. Passar por um trânsito difícil de Saturno requer uma acção apropriada aos símbolos que estão envolvidos. Se, e como é frequente, os trânsitos ocorrerem três vezes, a primeira passagem serve para definir o problema. O último trânsito mostra as consequências. O que você fizer entretanto, no período intermédio, ajuda a determinar o resultado.

Tal como a idade, Saturno mostra-nos o efeito do tempo. Mede os nossos sucessos e fracassos. De facto um trânsito de Saturno serve para nos informar de tudo aquilo que conseguimos fazer. Cada um de nós conseguiu inúmeros sucessos na vida. Aprender a andar, a falar, a apertar os sapatos e a conduzir um carro podem agora parecer tarefas triviais, mas fazem parte do resumo feito por Saturno.

Vezes demais somos lembrados dos nossos fracassos, cristalizando-os, assegurando a sua continuidade, mais vezes do que tomamos notas em relação àquilo que conquistámos.

Saturno, regência do signo cardinal Capricórnio e exaltação do cardinal Balança pode ser arrojado. Pode ser o plano do arquitecto feito manifesto, desde que o seu espírito esteja incarnado. Tal como o compromisso e a paciência são ferramentas suas, também a compaixão e a atenção são antídotos seus.

Se a vida se torna muito dura e frágil, Saturno necessita de ser balanceado pela Lua. Necessidades interiores, mesmo que irracionais, pedem resposta. Procure conforto naquelas actividades pessoais que o animam, para que tenha a força (alimento) de estar no mundo que Saturno representa.

Confiança é uma das outras qualidades essenciais de Saturno. Em sinastria (a comparação de dois mapas para avaliar a relação) contactos difíceis de Saturno respondem bem à confiança. Não se trata de confiança cega (isso é Neptuno), mas de confiança conquistada com o tempo. Se o seu Saturno está na minha Vénus, a confiança permite-me abrir-me para si. Não surge facilmente, mas quando surge pode dar-me clareza e ordem para ter amor na minha vida. Sem ela (confiança) é como ter apenas medo.

Quando se fez um bom trabalho com Saturno (a casa natal mostra onde e o signo natal mostra como) os resultados são palpáveis. A oportunidade (Júpiter) surge no caminho, a inspiração floresce e a intimidade é possível. Saturno não é o inimigo, mas antes uma força, um arquétipo se preferir. É o esqueleto que nos suporta, a pele que nos contém e o tempo e lugar que tornam a vida possível. Só apenas quando Saturno se separa do resto de nós é que se torna uma força mortal.
Banhado pela Lua, aquecido pelo Sol, adocicado por Vénus ou energizado por Marte torna-se um precioso aliado na nossa vida.

autor desconhecido

Na primeira hora de Saturno de um dia de Marte e de S. João Eudes, S. Luís Beltrão e Santa Sabina

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